Preciosidades

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Manifestim. Zeh Gustavo



Eu faço poesia-quase.
Monto na beirinha do caos de meu porto,
sacolejo minhas saliências,
esfrego-as no poste e vou andar.

Eu faço poesia-quase
como se estivesse (prestes) a comer um xibiu,
conforme desdiria meu cumpadre Chico Doido de Caicó.

Só boto laço em poema
depois de macerar o meu dia maçante,
cuja carcaça eu carrego no cangote.

Só broto traça de palavra
pois o troço me atrai
- e porque eu sou meio trololó.
Mastigo uma dona que chamo saudade
e me meto em entres,
raramente encapuçado.

Eu faço poesia-quase:
solto frase abilolada para ajudar a prejudicar lirismos
que se pretendam retos.
Só breco um poema para fins de embromá-lo
em curvas de briga.

Faço então poesia-quase;
e pode ser que eu inté cause espelhança
a partir deste meu calango de movimento

P.S.: "Manifestim", poema extraído do livro "A perspectiva do quase" de Zeh Gustavo, 2008.

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