Preciosidades

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Defendendo "Lua Nova", de Stephenie Meyer. Por Marie Jeanne Sermoud


"Eu sei, eu sei... Vocês pensaram que morri ou desisti do blog, mas não.. Ainda não! Estava aqui confabulando algumas coisas, nas duas últimas semanas, a principal delas é a condição da mulher atual.

E vou começar a falar sobre meus pensamentos defendendo "Lua Nova" tanto nas telas quanto nos livros. Me perdoem os que odeiam a série, mas quando os ouço falar e justificar, a única coisa que penso é: "não entenderam foi nada!".

De todos os livros que já li - e creiam-me, já li milhares deles - os da Stephenie Meyer são os que melhor descrevem os estados emocionais da paixão e suas consequências quando dá e quando não dá certo. Lua Nova, principalmente, mostra o quão chata fica uma mulher quando perde um grande amor. Veja, não é um amor qualquer que se perde, mas aquele que você sabe, tem certeza absoluta que será seu pelo resto da vida e que ninguém será capaz de te fazer esquecer, mesmo que você não o viva; mesmo que verdadeiramente ame outros. É isso que a Bella afirma quando diz ao Jacob no fim de Lua Nova: Eu te amo, mas nâo me faça escolher; porque será ele. Sempre foi ele". E essa é a mais irrevogável verdade.

E a Bella da tela está infinitamente menos chata que a dos livros, creiam-me. Durante a leitura, muitas vezes você pensa em desistir por não suportar a chatice absurda da personagem. Mas somos nós ali descritas né? Se algum homem quiser saber como ficamos quando ganhamos um pé na bunda, leia o livro. É naquela coisa que nos transformamos. Alguém que beija a morte de tão perto que chega dela.

Muita gente também critica o ator Robert Petterson e o seu personagem Eduard. A crítica mais elogiosa ao ator é aquela que diz que ele, ao interpretar, "parece um morto". Alôu?!? Ele é um morto! Um zumbi praticamente! E se está te deixando com essa sensação, parabéns! Sinaliza que está completamente dentro do personagem!

A maioria das críticas, no entanto, faz pensar que as pessoas estão esperando os vampiros de sempre, aqueles que estamos acostumados a ver através dos milhares de anos de inconsciente coletivo. E é esse o grande engano. Não são. São uma categoria diferente, como nós hoje somos pessoas diferentes daquelas que foram nossos ancestrais há 200 anos. Nem melhores, nem piores, apenas diferentes. É, até os estereótipos evoluem.

Eduard é um morto, principalmente no aspecto afetivo, e através da relação com a Bella vai descobrindo e ganhando contornos humanos que sequer chegou a ter enquanto vivo, visto que morreu aos 17 anos e à época só pensava em participar da guerra. Ele nunca amou ou se apaixonou, e tem de fazê-lo partindo somente do que ouviu falar sobre ao longo de 108 anos, ou seja: referencial interno, zero. Tanto e tanto que ele não suspeita que a paixão pela Bella seja isso. Inicialmente a sente como um desejo especial pelo sangue dela. E não é exatamente isso para qualquer um de nós? Não nos é o cheiro da pessoa amada completa e absolutamente diferente de qualquer outro?

Stephenie Meyer não pretende discutir a relação amorosa. Parece apenas querer mostrar os contornos e o quanto esta pode expandir nossos limites, e faz isso perfeitamente. Ela conta uma história. Refletir sobre ela e papel nosso; ou não. Já tive várias Bellas e outros tantos Eduards no meu consultório ao longo dos quase 20 anos de profissão. Também já fui Bella e já fui Eduard, e é por isso que a história me cala tão fundo.

Não digo que o filme seja um clássico, porém ele não ousa criar outra história a partir do livro, e acho isso ótimo. Ele quer e conta a mesma história; dá vida àqueles personagens descritos no papel. É exatamente isso que espero de uma adaptação de livros. Tem muita gente que acredita que o cinema é a grande arte justamente por propor questionamento, porém eu acho que ainda o é até quando não questiona nada, apenas expõe e deixe que pensemos por nós mesmos, ou - de novo - não. É como tudo né, minha gente? Quando se está pronto a pensar algo de forma mais profunda, até desenho de criança motiva.

Tem um outro livro antigo que também fala da perda de um amor, mas principalmente da superação deste, de forma perfeita. É voltado também para o público adolescente - e por que será que são sempre os adolescentes que falam da intensidade da dor e da paixão tão bem? - chamado Júlia dos sete aos dezessete da Irene Hunt. Quem quiser ver os processos do ponto de vista feminino deve lê-lo.

Fonte:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.