Preciosidades

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O homem que copiava e Shakeaspeare. Jorge Furtado

"Eu sempre quis conhecer o Rio.

Quem sabe tu vai me visitar nas férias?

Ainda falta. Olha... trouxe um presente pra ti. Tu leva na viagem e lê. Está marcado na página daquele.

"Quando a hora dobra em triste
e tardo toque.”

Tu  entendeu?

Entendi. Bonito.

"Quando a hora dobra
Em triste e tardo toque

“E em noite horrendo
Vejo escoar-se o dia”

Quando vejo esvair-se
A violeta."

A flor. Esvair-se é evaporar, murchar, morrer.

"Ou que a prata
A preta têmpora assedia"

O cabelo ficando grisalho do lado.

"Quando vejo sem folha
O tronco antigo

Que ao rebanho estendia
Sombra franca"

Árvore sem folhas. Onde os bois e as vacas tomavam sombra, quando lá tinha folhas.

"E em feixe atado
Agora o verde trigo

Seguir o carro
A barba hirsuta e branca"

É o trigo cortado, indo embora numa carroça.

“A barba hirsuta e branca.”

É tudo sobre o tempo, André. O tempo passando.

"Sobre a tua beleza
Então questiono

Que há de sofrer do tempo
A dura prova"

Isso é a pessoa...
É, eu entendi.

"Pois há graça no mundo
Em abandono

Morre ao ver nascendo
A graça nova

Quando a foice do tempo
É vão combate

Salvo a prole, que o enfrenta
Se te abate"

O que que é isso?

Isso é o jeito de ganhar da morte... de enganar o tempo.

A prole, os filhos.

Entendi. É bonito mesmo. Obrigado.

Tenho que voltar ao trabalho.

‘Tá, claro.

Silvia. Tu me espera?

Espero.

Tu quer casar comigo e sair daqui?

Claro que sim.

Pode levar uns seis meses.

Eu espero.


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